sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Relato Tragicômico de uma experiência antropologica

Sexta Feira, 17 de setembro de 2010.

Imaginem 5 garotas: uma carioca que adora vivênciar experiências em lugares afastados de são paulo, uma paulistana que combina todas as cores da vestimenta, uma paulistana-santista-paulistana que viveu sua vida entre o arquidiocesano e o mackenzie, uma paulistana, que mora no belém, mas acha o pessoal de lá meio "bad", e por último, mas não menos importante: a carol. Carol nasceu em São Paulo, não sabe andar de metrô, e tem medo de cachorro.

Este é o cenário.

Este grupo vai para a Cidade Líder entrevistar a mãe da paulistana que mora no belém. Thelma, é o nome dela. Thelma é a diretora da escola Sebastião Fransisco, O negro.

A primeira parte da viagem dá-se de maneira pouco interessante: todas tentam ensinar a Carol a andar de metrô. Tentativa essa, quase impossível.
Na linha vermelha, começam os comentários paulistanos: nossa, aqui tem morros! ou: presta atenção na várzea...
Ao chegarem na estação arthur alvim, pegam um ônibus com trabalhadores cansados e grossos. As meninas paulistas, estudantes de psicologia, se impressionam com a agressividade das pessoas "daquela comunidade".

O trajeto que elas percorrem a pé é muito interessante: algumas com medo de serem assaltadas, outras tentando se parecerem com locais. Até que um cachorro minúsculo aparece na direção da Carol, latindo e ela grita: "Aí! Minha Nossa Senhora!"

Chegando na escola, as garotas se sentem deliberadamente impressionadas com a diferença de mundos. É como se aquela comunidade, dentro de São Paulo, não fizesse a mínima parte de suas vidas. E de fato, não faz.

Conforme a diretora vai dando informações sobre dois casos graves de crianças que surtam em sala de aula, ameaçam suas vidas e dos demais, a paulistana-santista-paulistana pensa o que pode fazer para ajudar esses casos. Ela não pensa que só são dois casos, e que os outros 365 casos são de crianças que tem seus pais, irmãos e a si mesmos trabalhando para o tráfico e consumindo drogas. Porque para esse problema, a intervenção não tem âmbito, nem esfera.

Conforme foram conhecendo a escola e seus alunos, foram sentindo um vazio e algo foi se completando. O medo, elas não tinham mais. Nem a piada.

A visita termina e elas não tem muito o que conversar no caminho de volta: as pessoas grossas parecem não importar, assim como os morros parecem pouco destoantes. A verdade é que hoje, elas tiveram uma experiência antropológica em sua própria cidade.